terça-feira, 15 de setembro de 2009

Saudades...




Sofrendo profundamente...



" Em alguma outra vida, 


devemos ter feito algo de muito grave, 
para sentirmos tanta saudade..."




Trancar o dedo numa porta dói. 


Bater com o queixo no chão dói. 
Torcer o tornozelo dói. 
Um tapa, um soco, um pontapé, doem. 
Dói bater a cabeça na quina da mesa, 
dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.




Mas o que mais dói é a saudade. 


Saudade de um irmão que mora longe. 
Saudade de uma cachoeira da infância. 
Saudade do gosto de uma fruta que não 
se encontra mais. Saudade do pai que morreu, 
do amigo imaginário que nunca existiu. 
Saudade de uma cidade. 
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.




Doem essas saudades todas. 


Mas a saudade mais dolorida é a 
saudade de quem se ama. 
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. 
Saudade da presença, 
e até da ausência consentida. 
Você podia ficar na sala e ela no quarto, 
sem se verem, mas sabiam-se lá. 
Você podia ir para o dentista e ela para 
a faculdade, mas sabiam-se onde. 
Você podia ficar o dia sem vê-la, 
ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.




Contudo, quando o amor de um acaba, 


ou torna-se menor, ao outro sobra uma 
saudade que ninguém sabe como deter. 
Saudade é basicamente não saber. 
Não saber mais se ela continua fungando 
num ambiente mais frio. Não saber se ele 
continua sem fazer a barba por causa 
daquela alergia. Não saber se ela ainda 
usa aquela saia. Não saber se ele foi na 
consulta com o dermatologista como prometeu.




Não saber se ela tem comido bem por causa 


daquela mania de estar sempre ocupada, 
se ele tem assistido as aulas de inglês, 
se aprendeu a entrar na Internet e encontrar 
a página do Diário Oficial, se ela aprendeu a
estacionar entre dois carros, se ele continua 
preferindo Malzebier, se ela continua 
preferindo suco, se ele continua sorrindo 
com aqueles olhinhos apertados, se ela 
continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor, 
se ele continua cantando tão bem, 
se ela continua detestando o Mc Donald's, 
se ele continua amando, se ela continua 
a chorar até nas comédias.




Saudade é não saber mesmo! 


Não saber o que fazer com os dias que 
ficaram mais compridos, não saber como 
encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, 
não saber como frear as lágrimas diante de 
uma música, não saber como vencer a dor de 
um silêncio que nada preenche. 
Saudade é não querer saber se ela esta com outro, 
e ao mesmo tempo querer. 
É não saber se ele está feliz, 
e ao mesmo tempo perguntar a 
todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, 
se ela está mais bela. Saudade é nunca 
mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.




Saudade é isso que senti enquanto estive 


escrevendo o que você, provavelmente, 
está sentindo agora depois que acabou de ler...

Texto de Miguel Falabela

By Giuli

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